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sábado, novembro 05, 2022

As andorinhas de um continente em chamas | e o caos político no Brasil

Em meio ao caos social e político que estamos vivendo, é fácil compreender o universo de As andorinhas de um continente em chamas, o primeiro livro da Gabriela Fernandes, autora brasileira que conquistou a minha admiração. 

Nessa obra, encontramos um continente dividido por uma revolução que, supostamente, deveria acabar com a desigualdade e melhorar as condições de vida da população. A protagonista, Kelaya, é uma revolucionária e acredita fielmente no propósito dessas mudanças. Embora não consiga ver as benesses prometidas pelos revolucionários ao seu redor, ela está disposta a se sacrificar por um futuro melhor. Afinal, é isso que todos devem fazer, não? Abrir mão de algumas coisas, de pequenos prazeres, de liberdades caras, em prol de uma causa comum. Em prol de uma causa maior.

"É muito fácil se esconder atrás de um ideal bonito, fazer coisas hediondas e depois dizer 'é para que não aconteça de novo'."

Contudo, a personagem enfrentará alguns desafios e, nessa jornada, suas convicções serão confrontadas. Ela descobrirá que a guerra é mais ampla do que imaginava e que mesmo em meio às chamas, há esperança. Descobrirá que antes de mudar o mundo, é preciso enxergar a corrupção que habita seu próprio eu. 

"Porque todos nós somos como a sombra que achou que poderia existir por si mesma. No final das contas, nossos crimes custaram o mesmo preço."

E nós, ao ler essa história, descobrimos que somos andorinhas, sustentados pela misericórdia e graça de um Deus maior do que qualquer inimigo, mais poderoso do que qualquer chama. 

E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.
Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.
E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.